Subtenente da PM vira réu por estupro em posto policial; perícia encontra sêmen de outros homens no local
Mulher denuncia que foi estuprada por PM dentro de posto policial após ser parada em blitz O subtenente da Polícia Militar (PM) denunciado por uma mulher por ...
Mulher denuncia que foi estuprada por PM dentro de posto policial após ser parada em blitz O subtenente da Polícia Militar (PM) denunciado por uma mulher por estupro dentro de um posto policial se tornou réu e vai responder às acusações na Justiça. O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) ofereceu denúncia contra Luciano Valério de Moura pelos crimes de estupro e de prevaricação, que ocorre quando um funcionário público pratica um delito ou deixa de cumprir suas funções legais. Ele está preso preventivamente desde o dia 15 de outubro. A denúncia do MPPE foi oferecida à Justiça na quarta-feira (12). Procurada pelo g1, a defesa do policial disse que o recebimento da denúncia pela Justiça é "um ato processual natural e faz parte da tramitação". ✅ Receba as notícias do g1 PE no WhatsApp Em nota, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) afirmou que o processo tramita sob segredo de justiça e não poderia fornecer detalhes sobre ele, mas confirmou que "a denúncia já foi recebida" e que aguarda "a citação do acusado". O subtenente foi denunciado por uma mulher de 48 anos, que não terá o nome divulgado. Segundo ela, no dia 10 de outubro, durante uma abordagem, Luciano Valério a levou para um dormitório dentro do posto policial e a obrigou a praticar sexo oral nele. Perícia encontra sêmen de outros homens O g1 teve acesso ao laudo da perícia realizada no local do suposto crime. Após coletas de amostras de colchões, paredes e panos de chão do local, foram encontrados vestígios de sêmen. Porém, nenhum material teve DNA compatível com Luciano Valério de Moura. De acordo com o relatório da perícia: foram encontradas amostras de sêmen em colchões que ficam no dormitório do posto do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv), no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife; parte do material coletado não tinha quantidade suficiente para a obtenção de perfil genético; as amostras foram comparadas com material do subtenente, que foi coletado de barbeador, sandálias, escova de dentes, cortador de unhas e pulseira de relógio; Luciano Valério de Moura se recusou a fornecer material genético de forma direta. O laudo das amostras coletadas no posto policial conclui que foi possível obter DNA de sete homens diferentes. E aponta que esse material pode ser utilizado, posteriormente, para comparar com pessoas de interesse da Justiça, como outros investigados no caso. No material coletado no posto policial e analisado na perícia: foi possível identificar, em uma das amostras, material genético de, ao menos, um homem e uma mulher, mas incompatível com DNA da vítima e do subtenente; outra amostra indicou uma mistura de DNA de, ao menos, dois homens, mas que não foram compatíveis com o policial denunciado; outras amostras mostraram uma mistura de DNA de três homens diferentes. Além do dormitório, foi coletado material das roupas e partes do corpo da mulher que denunciou o caso. Em quatro amostras, foi encontrado material genético da vítima e de, ao menos, outra pessoa, mas a quantidade coletada foi insuficiente para comparar com as amostras do acusado. O g1 solicitou entrou em contato com o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), para saber quais os próximos passos do processo, e com a Secretaria de Defesa Social (SDS), para obter informações sobre o procedimento disciplinar aberto pela pasta, mas não recebeu retorno até a última atualização desta reportagem. Batalhão de Polícia Rodoviária na PE-60 fica no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife Reprodução/Google Street View O que dizem as defesas O advogado Teófilo Barbalho, que defende o subtenente, disse que o recebimento da denúncia "é um ato processual natural e faz parte da tramitação". "Estamos tranquilos, pois essa decisão apenas formaliza o início do processo e não representa um juízo de mérito. Tudo será devidamente comprovado na instrução processual. Inclusive, ressaltamos que a negativa de sêmen do meu cliente, Luciano Valério, já foi comprovada na perícia técnica realizada no vestido da vítima. Esse fato fundamental reforça que a verdade será estabelecida no decorrer dos autos", afirmou o advogado. Já a advogada Maria Júlia Leonel, que representa a mulher que denunciou o caso, afirmou que a ausência de material genético do acusado não significa que o estupro não aconteceu. Também disse que a denunciante já tinha contado, em depoimento, que o estupro não teria ocorrido na cama. "Embora não se tenha identificado, por exemplo, o DNA dele nos sêmens dos colchões, isso por si só não afasta o aspecto de outros indícios não serem relevantes. Tão relevantes quanto, inclusive, o exame DNA. Inclusive, pouquíssimo desses crimes a gente consegue resolver por perícia por laudo de DNA, infelizmente", declarou a advogada. Ela disse, ainda, que a investigação apontou outros indícios que colaboram com a denúncia, como depoimentos dos policiais que estavam de plantão no posto com Luciano Valério de Moura. "Eles reconhecem que a vítima entrou dentro do posto, eles reconhecem que a vítima passou tempo indeterminado lá, reconhecem que isso não era procedimento padrão, reconhecem que ela saiu com um copo de água na mão. Ou seja, todos os elementos narrados pela vítima", contou a advogada. Ainda de acordo com ela, a apresentação de denúncia pelo MPPE indica um avanço no caso. "O que a denúncia revela para a gente? Ela revela que o Ministério Público entende que tem indícios suficientes de autoria e materialidade. (...) Há indícios suficientes para acreditar que o fato ocorreu", pontuou. LEIA TAMBÉM: PMs confirmam que viram mulher e subtenente saindo de posto policial Relembre o caso Mulher denuncia que foi estuprada por PM dentro de posto policial Uma mulher de 48 anos denunciou ter sido estuprada por um policial militar dentro de um posto do BPRv no Cabo de Santo Agostinho, após ser parada em uma blitz na noite de 10 de outubro (veja vídeo acima). A mulher relatou que foi conduzida a um dormitório e contou que o policial fechou a porta do local, apagou a luz e a obrigou a praticar sexo oral. Ela afirmou que pediu para ir embora, mas foi impedida, e que temeu que as filhas, que estavam no carro parado na blitz, presenciassem o crime ou também fossem vítimas. No dia seguinte, a mulher trabalhou até as 19h e, em seguida, foi à Delegacia da Mulher do Cabo de Santo Agostinho para registrar o boletim de ocorrência. Foram solicitados à Corregedoria da Secretaria de Defesa Social os nomes dos plantonistas da noite do suposto crime e a mulher disse que reconheceu o policial a partir de fotografias apresentadas. O caso levou à prisão preventiva de Luciano Valério de Moura, que nega o crime e permanece detido no Centro de Reeducação da Polícia Militar (Creed), em Abreu e Lima, no Grande Recife. O advogado dele, Teófilo Carvalho, negou que o policial tenha cometido estupro e afirmou que o subtenente apenas conversou com a vítima depois que ela pediu água. Ainda segundo Teófilo Carvalho, a mulher estava abalada porque o militar havia identificado atrasos em uma multa do veículo e a conduziu a um local iluminado para beber água. VÍDEOS: mais vistos de Pernambuco nos últimos 7 dias